sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

Hipótese de novo planeta recebida com cautela

A hipótese da existência de mais um planeta no Sistema Solar, divulgada quinta-feira no Japão, é encarada com interesse cauteloso por um astrónomo português especializado nesta área de investigação.

Nuno Peixinho, que pertence ao Grupo de Astrofísica da Universidade de Coimbra, disse hoje à agência Lusa que a teoria «não é perfeita», mas «é interessante e não pode ser rejeitada com base nos dados actuais da observação».

Este cientista trabalha actualmente no Instituto de Astronomia da Universidade do Havai (EUA), onde faz pós-doutoramento, tendo como área de especialização os pequenos corpos do Sistema Solar exterior, nomeadamente a Cintura de Kuiper, objectos trans-neptunianos, centauros, planetas anões exteriores e famílias associadas.

Também a fazer investigação pós-doutoral em Astronomia naquela universidade norte-americana está outro cientista português, Pedro Lacerda, igualmente do Grupo de Astrofísica da Universidade de Coimbra, que estuda em particular as propriedades físicas dos pequenos objectos do Sistema Solar.

Segundo Nuno Peixinho, a hipótese da existência de um planeta com cerca de metade da massa da Terra foi proposta pelo astrónomo brasileiro Patryk Sofia Lykawka, cujo trabalho conhece bem, em colaboração com o Professor japonês Tadashi Mukai (da Universidade de Kobe), seu orientador de tese, para explicar várias características já conhecidas da Cintura de Kuiper.

Esta «cintura» é uma região que circunda o Sistema Solar, para além da órbita de Neptuno, e que é habitada por centenas de milhar de objectos gelados, na sua maioria com tamanhos entre um e mil quilómetros de diâmetro, entre os quais se contam Plutão, descoberto em 1930, e Eris, ligeiramente maior e descoberto em 2005.

Na perspectiva de Lykawka, o suposto planeta terá cerca de metade da massa da Terra e a sua órbita será 100 vezes mais distante do Sol do que da Terra.

«Uma teoria só por si tem pouco valor científico até ser confirmada experimentalmente, e a teoria de Lykawka ainda terá de enfrentar os testes que ele próprio, corajosamente, propõe», diz Nuno Peixinho.

Com efeito, o estudo contém uma lista de previsões que poderão ser testadas através de observações nas próximas décadas.

«Infelizmente», considera o astrónomo português, «as previsões não são suficientemente precisas para que se possa apontar um telescópio para um determinado sítio, como aconteceu com Neptuno em 1846, e se veja se o planeta está lá».

Além disso, acrescenta, «mesmo na fase em que se encontra mais perto do Sol esse planeta brilhará menos que Plutão».

Segundo a teoria exposta quinta-feira no Japão, o novo planeta corresponderia à nova definição adoptada em 2006 pela União Astronómica Internacional (UAI), que exclui Plutão da categoria de planeta de pleno direito do sistema Solar.

O «planeta» estaria situado a 12.000 milhões de quilómetros da Terra e rodaria em torno do Sol numa órbita elíptica cada 1.000 anos, num plano inclinado de 20 a 40 graus, segundo cálculos realizados a partir de efeitos gravitacionais observados em Neptuno.

O estudo, com a chancela do Professor Tadashi Mukai, será publicado em Abril no Astronomical Journal, editado pela Sociedade Astronómica Americana.

Os oito planetas do Sistema Solar plenamente dignos desse nome são agora Mercúrio, Vénus, Terra, Marte, Júpiter, Saturno, Urano e Neptuno.

No entanto, o novo «planeta» poderá ganhar o lugar perdido por Plutão no Sistema Solar se existir de facto, se for suficientemente maciço para se manter esférico devido à sua própria gravidade e se mantiver a sua órbita limpa de outros pequenos objectos, admite Nuno Peixinho.

Diário Digital / Lusa

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

Telescópios refratores

Saudações astronômicas!

Bom, antes de falar sobre o que estou trabalhando no momento, vou discorrer brevemente o que realmente é um telescópio refrator.
Um telescópio refrator é formado por duas lentes: a objetiva e a ocular.
A primeira faz o papel da captação de luz, e quanto maior o diâmetro da objetiva, mais luz será captada. Mas isso não quer dizer que a qualidade aumentará também. Isso porque a luz difrata ao passar pelo material da qual a lente é feita. Ou seja, para melhorar a qualidade juntamente com o aumento do diâmetro da lente é preciso que o material da lente seja acromática, ou seja, não difratar a luz.
A segunda funciona como uma lente de aumento e é localizada no foco da objetiva.

Bom, agora que já disse algo sobre refratores vamos ao que estou fazendo com eles:
Eu pesquisei e construí, com materiais encontrados no comércio, 4 (quatro) refratores de baixo custo. Para quem quiser ver os detalhes de como construir uma entre em (http://www.oba.org.br/cursos/astronomia/lunetacomlentedeoculos.htm)
Porém as minhas lunetas não possuem monóculos de fotografia como ocular, mas sim uma lente de máquina fotográfica com distância focal de 4 cm.
Bom, vamos as lunetas que construí: A primeira foi no primeiro semestre de 2007 com uma lente objetiva de 2 graus (sempre positiva) com 50mm de diâmetro, que resultam numa distância focal de 1/2 m. Isso significa que a lente ocular será posicionada a 0,5 m de distância da lente objetiva. Com ela, os tubos utilizados foram um tubo de esgoto marrom de 50 cm de comprimento e 50mm de diâmetro; e um tubo de esgoto branco de 40 cm de comprimento de 40mm de diâmetro.
Com este eu ainda não havia feito o tripé de madeira, portanto era difícil tirar algo com a imagem sempre tremendo um pouco. Mas ainda sim tirei bastante dele sem tripé. Consegui enxergar crateras na lua com facilidade, mas claramente este tamanho não é o mais indicado para impressionar alguém com a imagem da lua. Teoricamente ele aumentaria 12,5 vezes, mas não é o que realmente ocorre. Ainda não sei o porquê mas ocorre. Numa experiência para um trabalho para a faculdade realizei um teste para medir o real aumento da luneta e o resultado foi de um aumento de 6,2 vezes, ou seja, a metade. Portanto a Lua, com um tamanho aparente de 0,5º ficará com um tamanho aparente de 6,2 x 0,5 = 3,1º. Para entender o que significa esse 0,5º do tamanho aparente, estique um dos braços, cerre o punho e estique o dedo indicador para cima. O diâmetro da ponta do dedo é de aproximadamente 1º.

O segundo que fiz, usei uma graduação de 1º para a objetiva e portanto de 1m de distância focal. Com a mesma objetiva de 4cm de distância focal, o aumento teórico será de 100/4 = 25 vezes, lembrando que o aumento é a distância focal da objetiva dividido pela distância focal da ocular. E já que a experiência realizada por mim sugere que o aumento prático seja a metade do teórico, ele será de 12,2 aproximadamente (?).
Com este a impressão que se passa para alguém que esteja olhando pela primeira vez a Lua através de um telescópio é bem melhor, mas ainda pode ser melhor.
Com o terceiro o aumento foi superado pela falta de qualidade do sistema. A lente que utilizei foi de 0,5º com uma distância focal de 1/0,5 = 2m. Portanto o aumento teórico será de 200/4 = 50 vezes e o prático sugerido de 25 vezes (?). Com ele foi possível ver uma Lua bem maior, porém planetas e estrelas não devido a focalização. Ou seja, a baixa qualidade do sistema não permitiu a focalização.
Com o quarto usei uma graduação intermediária: 0,75º, com uma distância focal de 1/0,75 = 1,33m e aumento teórico de 133/4 = 33,25 vezes e prático de 16,6 vezes(?). Ainda não pude testá-lo devido ao tempo. Ele só ficou pronto anteontem e desde então o tempo tem estado nublado. Pretendo ver as 4 maiores Luas de Júpiter, verificar as fases de Vênus e talvez os anéis de Saturno.

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

Astronomia em 2008

Saudações astronômicas a todos os amantes de astronomia e também aos "curiosos" e sejam bem-vindos a este bolg dedicado a esta ciência magnífica. Nele, postarei principalmente minhas experiências como astrônomo amador, tais como a construção de lunetas de baixo custo e telescópios refletores e as observações solitárias ou com o Grupo de Estudo e Divulgação de Astronomia de Londrina (GEDAL). Por enquanto estou sem tempo para construir um refletor, mas com os refratores estou avançando nas pesquisas.